Um dia Ele me chamou, Ele que só o conhecia de nome, nunca tinha no fundo provado desse sentimento, de quem tanto falam que Ele tem em abundância e de nenhum de Seus recursos a nos ofertar. No fundo Ele era apenas uma lembrança de infância, uma memória que ouvia dos outros que Ele era bom e que podia fazer qualquer coisa por nós, alguns relataram as maravilhas que Ele já tinha feito em suas vidas, mas no fundo eu não acreditava muito naquilo, mas em meio às memórias das vivências, a minha volta, de alguma forma acreditei na possibilidade dEle ser real e de que Ele podia fazer mesmo o impossível. E por muito tempo Ele era como cartas de baralho, usávamos quando necessário, sabíamos onde encontrá-lo, mas cada um " após" o jogo é que reagia com uma função do mesmo em sua vida. Tempos depois vou entender e chamar isso de fé, mas até esse momento, o meu jogo era pensar que podia ser real, mesmo no fundo eu não sabendo o que era real para Ele e como conhecer Ele de verdade? Por muito tempo me questionei sobre isso, mas deixei em secreto os meus modos para com Ele, que no fundo eram de desconhecimento, pois não havia certeza em nada, mas ainda assim eu o imaginava no meu coração, não por amor, porque eu não conhecia o amor, mas com uma necessidade de o conhecer e o pertencer, mesmo eu não entendendo o porquê, e guardava para mim todas essas suposições. Assim por muitos anos estive em meios " Seus", locais, templos, eventos, em meio a cercos e dizeres que levavam a você, que mostravam você, mas ali só aprendi a ter mais curiosidade e a não saber nada de você, porque havia uma desconexão em mim e depois que te conheci de verdade, foi que entendi. E quando Ele me chamou, procurei de onde estava vindo á voz, mas não tinha ninguém naquele quarto além de mim, mas uma voz em alto e bom som me chamava pelo nome, Ele me chamava, e Ele sabia que por muito tempo levei nas " coxas" toda essa relação de amor e de sua história, e que o meu coração tinha tanta sede e fome de o conhecer que nem escondia. Porque onde passei e o que vivi, foram na busca de ter uma resposta que há anos e anos ouço, que Ele é bom e que faz o impossível, mas não, eu não entendia quem Ele era e porque fazia o que fazia, e as minhas dúvidas e as minhas indagações iriam me fazer ir além do que imaginei vivenciar. Mas algo me dizia para ouvir aquele som, mas o meu coração ferido insistia em não ouvir, e parei naquela cena, em meio a uma incerteza e uma vontade, a incerteza de me deparar com a verdade, a minha, e a vontade de conhecer o dono da verdade, Jesus, e de repente o silêncio se fez no quarto, enquanto eu viajei nos meus pensamentos, mas não sozinha, senti suas mãos a me tocarem e não achei irmos tão fundo, mas fomos. A minha alma se conectou a dEle no toque e Ele me mostrou que Ele esteve comigo o tempo todo, vi nas memórias, Ele sempre me chamou de filha, ouvi o som, o vi a me seguir enquanto eu brincava, Ele sempre cuidou de mim, nos momentos difíceis, nos dias alegres, Ele sempre estava lá, soube pelas sensações, a acompanhia da natureza, Ele, a me proteger o tempo inteiro, foi no momento mais importante, o meu primeiro sonho, que tudo desabou, revivi esse momento várias vezes, era como se Ele quisesse enfatizar que ali não era o meu lugar, mas aquela ferida de criança, carreguei até adulta e foi difícil ter fé, quando precisei dela, foi difícil amar, quando precisei sentir o amor, foi difícil olhar as visões de mundo e dos outros, quando não tive como definir as minhas, foi difícil encontrar um lugar que explicasse o que eu sentia, um lugar com iguais. Mas foi fácil criar uma desconexão do amor dEle, mas mal sabia eu que a cicatriz de criança me faria sentido hoje, porque precisaria daquelas dores fortes e difíceis de lidar, para hoje ser porta voz para outras dores se curarem. E eu chorei, Ele chorou, o silêncio parou, o barulhinho no fundo começava de novo, eu voltei, ao quarto e entendi Ele, a verdade, a minha, era a minha versão de "realidade" foi o que soube descrever e guardei em secreto o que eu queria conhecer, que era o amor de verdade e Ele sabia, Ele sempre soube o que tenho aqui dentro de mim. Mas pelas situações achava que Ele não me reconhecia, não me via em meio a multidão, não sentia o que eu sentia, mas era apenas uma questão de interpretação, eu o deixei falar, Ele entrou no meu quarto e juntos iniciamos uma história, eu não vi o tempo passar, mas vi que as circunstâncias mudaram, as estações florescendo ou não, pude entender as suas expressões, os sonhos, a dor, a alegria, tudo ganhou uma versão diferente, o amor, Ele, me fez ver o mundo sobre os seus olhos, e aquele dia no quarto, já estava programado, a nossa história de verdade iniciava, e ela não acabou, estamos dentro dela, agora, eu e ele ainda conectados em uma só voz, o amor, e você está em uma página dela, o Amós. Que pela graça e bondade dEle pôde entender o meu propósito nesta terra e de uma página, com inúmeras outras e outras, Ele se mostra, em amor, e com amor, e o Amós é o Seu amor, e ela, essa página, não fecha sem fazer ele, o amor, agir criando histórias em você e mim de mais histórias. Porque eu me calei com medo de falar ferida, eu me calei pra esconder os meus pés sangrando, eu me calei pra esconder a minha vergonha de mim mesmo por tantos anos. Mas o amor me amou no meu pior escuro, Ele me amou quando eu nem merecia vida, Ele me resgatou de mim mesmo e me mostrou que a vida real não esconde capítulos de lágrimas e soluços altos, de dor ou desespero, ou de qualquer outra situação desconfortável, da gente mesmo. E Ele gritou, Amós e tudo iniciou…
Amós, o meu coração canta essas canções.
Com carinho,
Escritora: Kamilla Nogueira
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