Eu não vou falar dessa prática com um olhar técnico, com um olhar profissional ou algo do tipo, porque eu estou bem longe de chegar a esses parâmetros e sendo bem sincera, não é o meu objetivo. Mas eu vou falar com um olhar de alguém que há um ano iniciou essa prática na sua vida e tem algumas bagagens a compartilhar. Porque eu iniciei com curiosidade mesmo de conhecer essa atividade, eu iniciei sem saber muito disso, e tive a oportunidade de conhecer mais desse universo. Eu iniciei também decidida a aprender a ter essa prática na minha vida, mas o início foi delicado, minhas três fraturas pelo braço me diziam “ um milhão de coisas”, ruins, é claro. Eu tinha medo, medo principalmente de me machucar, medo de machucar as fraturas que já tinha e gerar um problema ainda maior, mas fui com medo mesmo. No início já vi que “ não era pra mim”, tudo era muito difícil, tudo muito complicado, e as dores no corpo? Nossa, no primeiro dia, eu passei uma semana sem voltar a praticar, porque eu não aguentava de dor kkkk, uma “ franga mesmo kkkk”. Mas fui, continuei me desafiando, comecei com 2, 5, 10 minutos e fui aumentando, meu limite atual é uma hora, pode parecer pouco, mas para mim é uma vitória e tanto. Exercícios esses, que eu via e dizia “ eu vou quebrar o braço desse jeito ou eu vou quebrar a minha perna se eu fizer isso”, kkkkk, e hoje são os meus favoritos, eu faço que nem percebo mais os incômodos. Na brincadeira de ir lá e fazer, eu fiz, não numa perfeita constância, porque eu decidi me ouvir, sempre, mas eu fiz, fiz muito por mim, me diverti muito também no processo. Caí e levantei várias vezes, recomecei quantas vezes foram necessárias, por mim, pelo o meu processo. Nada ali era sobre modinhas ou coisas do tipo, o que começou como curiosidade, virou necessidade, virou parte de mim, da minha história. E eu seguir me desafiando, aprendendo, evoluindo, todo dia um pouco mais, quando eu não conseguia, eu tentava de novo e de novo. Pois eu não me preocupava com o tempo, porque eu queria mesmo aprender, me desafiar a sair do meu conforto, a ir além do possível até então para mim. Então, nessa de ir lá e fazer, eu fiz, conseguir fazer exercícios que eu jamais pensei em conseguir, me desafiei a enfrentar os meus medos, os meus pesadelos, a viver mais o Yoga. E bom, tem também um lado aqui muitas vezes mais espiritual e coisas do tipo, mas eu não me aprofundei, eu me aprofundei apenas nas atividades, nos exercícios, no que essa modalidade tinha a me ensinar com relação ao meu externo, ao meu corpo. Mas ela não fez só no meu corpo, ela fez em mim e muito, por sinal, ela me ensinou sobre respiração, paciência, sobre evolução, sobre paz, sobre calma, sobre lidar com os nossos sentimentos e sensações de uma forma leve, mas também profunda. Pois enquanto eu estava ali tentando fazer um exercício, externamente, internamente minha mente e meu coração, estavam em sintonia, trabalhando em uma sintonia bonita, me ensinando sobre processos de uma maneira tranquila e que principalmente me ajudaram a viver mais essa prática assim, leve e tranquila. Mas bom, talvez você esteja esperando um “ manual”, mas eu tenho aprendido que isso é muito particular, nada aqui é pra ser igual mesmo, até porque somos únicos e quase todas as nossas experiências também. E faz parte, tá tudo bem, mas o que eu posso te passar é que ela é uma atividade física que vai além do físico, ela vai ao seu coração e acessa outros vínculos também, te ajudando muitas e muitas vezes a lidar com circunstâncias de outra forma. Até porque como eu disse, no meu primeiro dia, eu passei uma semana sem fazer, e não era apenas porque eu sou “ franga kkkk”, mas porque aqui eu fui com pressa, eu queria tudo pra ontem, eu queria chegar e fazer tudo, eu não queria ouvir, eu não queria esperar, eu queria fazer e fazer de primeira”. Mas as coisas não são assim, a nossa vida principalmente, não é assim, então, aprender a entender o tempo das coisas, com certeza foi uma das minhas principais lições, de coração. Não é chegar e fazer, é um processo e muitas vezes ele começa na nossa mente, e se ela está uma “ bagunça”, muitas coisas antes precisaram de um lugar, pra você receber outras e cuidar delas também. Enfim, transformando em palavras, você precisa aceitar que é um processo, e um processo com a sua mente, com os seus sentimentos, com as suas emoções, com as suas expectativas, com as suas exigências, com você mesmo. E aqui, aqui não dá pra esconder, não dá pra resolver depois, aqui é literalmente enfrentando que você segue para as próximas etapas. Etapas essas “ não do exercício, mas em você e por você, “ porque como eu disse e até talvez fique confuso, porque são as minhas visões, as minhas interpretações. O Yoga é um processo em conjunto, interno e externo, e não dá pra vencer sem os dois, é andar literalmente lado a lado com os dois, é se permitir, mesmo com medo fazer, no ritmo que “ a circunstância pede, não no seu”. Então, paciência inicialmente, respire fundo, ouça a sua respiração, sem pressa, sem barulhos externos, não diga eu não consigo, mas tente. Se não conseguir, tenta novamente e assim segue, o seu corpo com o tempo vai te “ passando os comandos”, onde mais você pode ir, onde agora precisa lentidão e não pressa, onde agora é prática e não avanços, onde agora é paciência e ainda assim virão resultados. Calma, respira e acredita, pois o melhor resultado é você acreditar no que ainda está por vir, porque sim, os melhores ainda estão por vir. E falando de mim, eu evolui muito e isso foi e ainda é internamente, pois o meu objetivo externo era fazer exercícios impossíveis e a maioria eu já faço. Mas o maior deles ainda é andar de mãos dadas com os dois, o interno e o externo, pois eu ainda tenho muito o que aprender. Mas já me orgulho muito por tudo o que eu tenho feito até aqui, pois foi e é uma jornada bonita, e eu ainda quero viver mais e mais. Então, em resumo, o Yoga me ensinou mais sobre viver a vida, viver de um jeito leve, tranquilo e principalmente, a não desistir quando tudo parecer impossível. Porque às vezes esse impossível é só um bloco difícil e eu estou com medo de tentar, mas cair, levantar, recomeçar e recomeçar, também fazem parte da vida e eu não posso ter medo disso, porque eles também são parte da vida.