Cartas ao Espírito Santo

 Foi diferente dessa vez, quer dizer, foi o que eu senti em mim, sabe, porque eu não chorei, eu não trouxe o meu passado como desculpa, eu não trouxe as minhas feridas abertas como circunstâncias. Eu não trouxe os meus medos como inseguranças, eu não trouxe a situação como culpa, eu não usei cartas na manga. Eu não me sabotei, eu não me coloquei como vítima, eu não culpei minha ansiedade, eu não culpei minhas cicatrizes. Eu não critiquei nada, eu não usei nada que já era esperado que eu fizesse, nada, literalmente nada, eu não trouxe nenhuma indagação, de antes, de ontem, de minutos atrás ou de agora. Nada, eu não fiz nada, literalmente nada, aliás, eu apenas te ouvir, eu apenas ouvi você falar, e isso tudo não foi uma estratégia, aliás, nunca passou na minha cabeça nada disso. E eu sei que você também não pensou sobre isso, mas sei que você não criou teorias, porque me conhece perfeitamente bem e sabe como ninguém como é o meu real coração. Mas ali te ouvindo dizer um não a mim pela, deixa eu ver…., já perdi as contas, mas sei que já foram e são muitas vezes. E olhando os seus olhos fixos a mim, eu só pensava em, “ isso não é à toa”, tentando reagir a um nome diferente dos últimos anos, aliás quase sempre é esse mesmo. Mas nas outras vezes eu fazia tanta, mais tanta birra que você sempre ajeitava um jeitinho, mesmo eu não indo 100%, eu recebia umas flechas de brechas daquilo. Ah, era legal, era legal ver os outros vivendo o que eu queria viver, e eu chorava nos seus braços, perguntando, por que eu mais uma vez, por que?. No fundo, eu sabia o porquê, e eu sei que você também, mas eu não queria aceitar, eu não queria aceitar o meu lugar no final da fila, eu não queria aceitar “ mais um não, mais uma vírgula na estrada, quando na verdade eu queria mudar de caminho”. É, eu sempre soube o que havia no meu coração, talvez não tão nítido, não tão limpo, mas eu sabia, eu sentia, eu via em mim. Mas eu escolhi caminhar em círculos ao invés de aceitar recomeçar de verdade, como tinha que ser e sem “ meus empecilhos “, os que eu sempre criei e crio para fugir das minhas coisas. É… onde eu tava mesmo?!, ah, lembrei, eu não reagi diferente dessa vez com outro não seu, eu ouvi, eu aceitei e voltei pro final da fila, ano 10, 10 mesmo? Nossa! Eu estou aqui há tempos, mas ter essa noção doeu mais do que o seu “ não”, porque eu estava tão cega, que nem mais via onde eu estava. Voltar, né?! Ok, eu peguei minhas coisas e deixei lá no chão, se vou recomeçar, eu quero encontrar de novo, o que precisa ser novo em mim. É pra voltar?!. Ok, eu vou, mas dessa vez não vou estar com fel de você, pelo contrário, acho que é a primeira vez que eu quero viver essa história, andar essa estrada, viver esse processo. Não sei, não sei direito o que houve em mim, não sei direito ainda o porquê desses anos todos aqui, não sei direito porque mesmo comigo, mas eu vou, eu volto, eu começo de novo, é sobre mim, eu sei, não é o jogo, é sobre mim, eu sinto nos seus olhos isso, mas eu vou de novo. De coração, eu estou em paz, está sim doendo muito voltar pra lá e ver que eu vou ter que passar por tudo aquilo de novo, mas se eu chegar aqui e te ver assim por me “ dar um não”, eu hoje entendo esse sentimento. Esse valor do não, e eu quero fazer diferente não é pelo o sim, a liberação da “ estrada ou do processo”, mas por você, isso também tem você, mas eu ainda não sei bem como. Porque seus olhos falam comigo, eu sei, eu vejo, eu entendo eles perfeitamente bem, mas eu nunca tinha reparado nisso tão bem como hoje e eu não quero você sentindo isso por mim, não quero ver você carregando uma cruz que é exclusivamente minha. E sim, eu estou confusa de muitas coisas, mas a de voltar e recomeçar isso, não, só não quero mais ver seus olhos como eu vi hoje, pois há algo em mim que eu preciso ver, viver, agir, mudar, achar, não sei, há algo pra mim nessa estrada e eu estou passando sem ver. E esse sem “ ver”, machuca você, muito mais você…. Eu sei, eu estou bem confusa aqui, mas eu sei que você me entende, mas desculpa….




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Muito Obrigada por estar aqui e fazer parte dessa história, com carinho, Kamilla Nogueira.


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Um Diário Virtual criado em 2014 e desde então venho compartilhando uma vida comum com recortes das minhas histórias, memórias e experiências de coração pra coração dessa  jornada chamada vida.



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