Cartas ao Espírito Santo

 


Eu não estou com raiva ou com qualquer outro sentimento ruim sobre você, você sabe, eu nunca gerei isso sobre você e não pretendo, mas eu estou triste, e não, não é com você. Eu não sei direito explicar se é tristeza, mas eu acho que sim, eu estou triste, e nas outras vezes disso eu chorei que solucei. Foi um choro tão forte que doía a minha alma, o meu espírito e eu sabia que aquela intensidade não era exagero, era dor mesmo, era tristeza, era como se aquelas lágrimas pudessem lavar a minha mente, o meu coração e me fazerem esquecer de tudo aquilo que estava machucando o meu espírito. Mas se repetiu, e repetiu, se repetiu, outras e outras, várias e várias vezes, eu parei de contar depois de alguns anos. E eu choro, com o travesseiro na cara, tentando entender o porquê, sem ter coragem de perguntar a você. Porque não faz sentido, quer dizer, é o que eu penso, pra mim, não faz sentido, eu estou buscando há anos ser a sua imagem e semelhança e eu tenho feito tudo, tudo certo. Pelo menos é o que eu acho, mas toda vez que eu vejo algo vindo no meu caminho de bom, aparece uma curva e outras coisas mais relevantes e eu fico aqui tentando pular o muro. Pra ser vista, pra que vejam que depois dessa pista, também tem estrada, tem gente, tem eu, aqui, há anos. E eu não consigo, eu não consigo ser ouvida e muito menos ser vista, e depois, depois tudo saí, as pessoas parecem que encontram outros pontos, locais, pessoas, os que procuram se acham, e eu, bom, eu fico aqui, aqui atrás do muro, mais uma vez. E eu estou chorando com vergonha, mas é a verdade, será que eu não sou digna de viver isso também? Por que não? O que eles veem? O que eles veem, para irem embora? Por que eles não me veem? Por que você não me deixa ser vista? Por que eu estou aqui de fora, e eles lá?. Por que?, isso dói, eu questiono tantas coisas em mim, eu, eu não, não consigo mais… Desculpa, desculpa, eu não devia ter falado tudo isso, mas está doendo tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, muito mesmo. Essas indagações estão consumindo a minha vida, e eu sei, eu devo ficar aqui, não atravessar, não fazer nada que você não tenha pedido, mas, mas, mas…. Mas quanto tempo mais eu ainda vou ficar aqui e ver todo mundo ser feliz e eu não?, é aqui mesmo o meu lugar?. De fora, apenas vendo o mundo dos outros? É aqui tentando pular o muro pra ver o que não chega a mim, que eu ainda vou passar mais anos?. Desculpa, não, não me abraça, eu….eu não mereço, desculpa, desculpa, mas está doendo, desculpa, não olha assim nos meus olhos, não, não, não chora. O problema sou eu, eu, eu sei, não direito mas, eu acho que sou eu. Desculpa, mas eu posso ficar assim abraçada com você aqui fora, pra sempre? Não faz esse olhar pra mim, porque eu sei que você já está indo, mas, mas, será que eu consigo mais uma vez repetir isso?. Você vem me visitar, domingo também? Eu… eu… eu… eu posso atravessar a pista, só uma vez, pra que alguém me veja?... Eu posso ficar lá na ponta para que alguém me veja?. Eu posso fazer alguma coisa, a não ser ficar aqui atrás do muro?. Lágrimas, lágrimas, lágrimas, por que mais uma vez, por que eu?.... Por que essa é a minha história, por que ela é assim?.




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Muito Obrigada por estar aqui e fazer parte dessa história, com carinho, Kamilla Nogueira.


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Um Diário Virtual criado em 2014 e desde então venho compartilhando uma vida comum com recortes das minhas histórias, memórias e experiências de coração pra coração dessa  jornada chamada vida.



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