Estou estudando a história de Jacó e confesso que tenho me surpreendido com a riqueza de interpretações que apenas agora consigo melhor perceber. Sendo que antes eu já tinha uma admiração pelo o personagem, agora entendendo melhor a história dele eu vejo que ele não é “ esse vilão que um dia eu criei na minha cabeça”, e sim uma pessoa que infelizmente já nasceu carregando fardos que nem eram “ seus”. Mas vamos por partes, lembrando que eu divido as minhas análises, meus conhecimentos até então. Inicialmente, na história ele já nasceu ( como mostra na Bíblia) que ele já nasceu se sentindo atrás, tentou nascer primeiro, mas Esaú, foi o primogênito e “ essa ideia de atrás “, o seguiu por toda a sua vida. Além disso, conhecendo mais fundo essa “ relação de estar atrás”, percebemos que Jacó não tinha o amor do pai que ele tanto queria ter, era esse o fardo que ele carregava, estar sempre atrás, também no amor de quem ele tanto esperava ter por inteiro. Onde o mesmo achou que comprando a primogenitura do irmão essa história pudesse mudar, mas não foi o caso. Porque a essência disso tudo era um propósito ( primeiro nele) e estar mancando como Jacó mancou a vida toda, tentando entender questões que não estavam sobre a sua ordem, mas que acabaram criando outras que mostraram mais ainda as suas vulnerabilidades. Nos deixou em registro que Deus não vai tirar de nós as nossas marcas, as nossas fragilidades que tanto queremos esconder, pois muitas é “ os mancos”, que irão pisar na glória, que nos darão as glórias. Sei que é paradoxal, na nossa cabeça, mas entender que a nossa fraqueza tem força e que pode ser a nossa força o tempo inteiro, nos mostra como estar cheio de marcas, mancos e brechas, são degraus não de suporte para novas fases e ciclos, mas sim ferramentas de tráfego. Pois nós os usamos não como medida de “ esconderijo e refúgio “, mas portas de compreensão de quem somos e o que fomos chamados para agir. Porque Jacó tinha uma insegurança que não era culpa sua, mas foram as suas vulnerabilidades que lhes mostraram isso, ser menos hábil em muitas coisas que ele tanto queria possuir e provar ter, não o diminuíam como ele imaginava, não o deixavam para trás como ele sempre pensava estar, mas revelavam quem ele era, o que ele tinha em mãos. Sendo assim, a comparação acompanhou Jacó por anos e nos acompanha hoje também, mas quando entendemos o nosso valor e principalmente quem somos não há lugar para olharmos para o outro com olhos de inveja e desejo de ser como eles. Porque nos vemos no espelho da vida e sabemos quem somos e ser nós mesmos não é estar atrás quando sabemos quem somos, mesmo com inseguranças, mesmo sem entender alguns pontos e fardos, assumimos quem somos com todos os nossos mancos da vida é nos permitir viver a nossa trajetória. Uma trajetória real sem essa “ ideia”, de estar sempre atrás, atrás de quem se a estrada é apenas nossa? De quem estamos querendo aprovação se Deus já nos conhece por inteiro e nos ama mesmo sabendo dos nossos atos ?. Mas sei também que corremos para mostrarmos aos “ outros “, que saramos “ os mancos, ou seja, as dificuldades da vida”, mas na vida real a essência transparece a nossa história. Ou seja, esconder o que carregamos não muda o que vivemos ou diminui o que já “ mancamos”. É enfrentando a vida com mancos visíveis a olho nu ou não que nos permitimos ter um compromisso com o nosso propósito e esse começa quando nos aceitamos mesmo não entendendo tudo à nossa volta. Por fim, Jacó tinha qualidades incríveis, fez feitos incríveis, mas os seus mancos por muito tempo “ o cegaram”, tentaram o esconder da sua história, a comparação e a aprovação dos outros também ditaram os seus caminhos por um tempo, mas ele se achou em si, ele se assumiu, ele escolheu andar mesmo mancando. Porque nós humanos como Jacó vamos sim ter nossas falhas, vamos sim tentar esconder nossas fragilidades, vamos sim ser tentados a nos compararmos e mudarmos quem somos para “ comprar nos outros uma atenção, prestígio, amor ou seja o que for”, do jeitinho que queremos. Pois Jacó era sim amado pelo o seu Pai, mas ele queria ser “ amado como Esaú era “, a insegurança de Jacó era por “ estar sempre atrás em tudo de seu irmão e consequentemente em sua vida. Dessa forma ele carregava uma expectativa e ele tentou supriu isso a vida toda baseado nos seus porquês, ora escondendo os seus “ mancados, ora os revelando”. E no fim, percebemos assim como Jacó que tirar os seus “ mancados “, não eliminaram a sua trajetória, mas usar cada um deles para guiar a sua real essência, ou seja, ser quem foi chamado para ser, aceitar o seu propósito e a sua real estrada não o diminuiu e nem o presenteou com glórias ( como muitas vezes pensamos). Mas o revelou uma vida de verdade e com essa essência de “ estar sempre atrás “, com outros olhos. E esses outros olhos é uma jornada com Jesus, longa, mas necessária, por sinal, estou nela tentando entender a vida, a minha e essa história em conjunto que vivemos. Mas também ando “ mancando, escondendo alguns pontos fracos e querendo também entender “ expectativas e porquês “ que não sei direito explicar sobre, mas a vida ainda tem muito a me apresentar e eu quero os conhecer. Pois é a minha história, ora me vejo como vilã, ora sou a vítima, ora sou tantas coisas aos olhos humanos e aos meus também, mas o que importa é o que eu vejo em Cristo quando eu vejo nEle quem realmente eu sou de verdade.
•Quem é você?
•Por que esconde os seus “ mancos” ?
•Por que está entrelaçado na comparação quando você é único e o seu valor é altíssimo?
Com carinho,
Escritora: Kamilla Nogueira
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