Cartas ao Espírito Santo

 

Fazia um tempo que eu não vinha aqui, e isso não é sobre o lugar, não é sobre o que aqui já aconteceu, mas você sabe… é tudo sobre mim, você sabe. Eu tenho ainda tantas coisas aqui internamente para resolver, eu ainda não me sinto pronta para tantas fases, tantos laços. Ao mesmo tempo que eu me vejo acreditar no que eles dizem, onde sou “ isso e aquilo de ruim”, dói, e minhas lágrimas me afundam em um mar de frustrações, de tristezas, de dor, um lugar escuro, que eu não queria estar, mas que as vejo e sinto os meus pés lá. Tenho medo, você sabe, tenho medo das estações, da vida ainda, tenho medo de olhar minha estrada, tenho medo de mim.

É confuso, é estranho, é meio doido, é o meu coração, você sabe, eu tenho minhas mãos manchadas de tantas coisas, tenho marcas ainda abertas, tenho cicatrizes que nunca sararam. E em meio a tanto nó seco, a tanto ar segurado, a tanto sorriso seco, que soltei quando eu queria chorar, me afogar, desaparecer, sumir. Não, não, eu nunca ganho da dor, ela sabe, ela me afunda, ela me deixa no profundo, me submete a ver o meu pior lado, me afoga nos meus traços sujos, me deixa ver eu de lado a lado. Não, não, eu não tenho dormido bem, alimentado bem, não tenho vivido direito, os pesadelos voltaram, os meus medos estão altos, meus fantasmas agora tem pés e asas, os vejo em todo canto, eu fujo, confesso. 

E sim, eu sei, eu sei o que fazer, não sempre, mas em alguns casos eu sei, mas me deixo afundar, porque dói enfrentar a dor, dói passar por lá, dói me ver sendo espremida, sufocada e no final ainda ouvir que mais uma vez não fui escolhida. Dói, dói esta aqui nesta fila mais uma vez, dói ainda não ter saído daqui, dói está aqui sozinha, parada, dói, dói tanto, mas por que? Por que isso está se repetindo, por que comigo, por que eu não posso ir para o outro lado?!. Eu sei, eu estou bem confusa, acordar e sair assim no sol, me deixa ainda com as ideias turdas, mas tem tudo um pouco de coração, da voz dele, ele está ferido, eu sinto o amargo nos olhos, eu sinto a voz da minha pele chorar traços de passos que eu sei que são de socorro. Enfim, fico feliz em te ver, em tentar mesmo confusa falar, pois há dias que eu não saio nem até a sala, não sei, não sei mais o que é aqui ou lá, estou com medo de estar lá e está aqui em sonhos. Mas se eu estiver, aqui é o meu lugar de voz, de um socorro além, de tentar, de voz, ter voz, de voz, dar voz, de voz, ser a minha voz. 

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Muito Obrigada por estar aqui e fazer parte dessa história, com carinho, Kamilla Nogueira.

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Um Diário Virtual criado em 2014 e desde então venho compartilhando uma vida comum com recortes das minhas histórias, memórias e experiências de coração pra coração dessa  jornada chamada vida.